Zé
marreta tocava como se estivesse surrando o seu violão. Batia nas cordas com
bastante força, quase com raiva. O som era bastante estranho. Parecia mais com
uma tábua de lavar roupa. Um dia Zé Marreta conseguiu uma caixa para amplificar
o som. Foi o terror da comunidade. Agora ele não precisava mais surrar o
violão. Bastava ligar a caixa de som no volume máximo. Quase não dava para
escutar a sua voz. Mas isso não tinha a menor importância para Zé Marreta. Se
fosse necessário ele berraria. O importante era “animar” a missa. E quanto mais
barulho, melhor.
Zé Mola
era diferente. Houve um tempo em que não sabia tocar violão. Mas isso não era
importante. Zé Mola sabia que seu trabalho na liturgia era levar todo o povo à
oração por meio da música. O violão era secundário. O principal era valorizar a
voz de cada um. Para isso, Zé Mola incentivava todos a cantar. Seu modo de
incentivar a participação cativava a todos. Um dia Zé Mola aprendeu a tocar
violão. Tomava muito cuidado para não colocar o som do seu instrumento acima da
voz do povo. O importante era “animar” a missa. E, para isso, quanto menos
barulho houvesse, melhor.
Zé
Marreta faz dos instrumentos uma marreta que se choca com a voz das pessoas
jogando a oração para baixo. Zé Marreta não ajuda a rezar. Zé Mola usa os
instrumentos como se fossem uma mola que dá impulso à voz do povo, elevando a
oração.
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